quinta-feira, 21 de maio de 2009

A dependência de cocaína em foco

O prazer é uma força motriz de muitos de nossos comportamentos: comer, namorar, fazer sexo e... consumir drogas. Somos levados a ingerir bebidas alcoólicas porque nos tornam mais leves e soltos, a fumar porque nos relaxa, e a consumir drogas mais pesadas pela sensação de prazer que provocam em nós – pelo menos no início, antes que nos tornemos escravos delas, embora já não ajam mais como fonte de prazer. Esse é o caso da cocaína, um alcaloide presente nas folhas de coca, a famosa plantinha cultivada milenarmente pelos indígenas andinos e, mais recentemente, pelos traficantes de drogas. Quando chega ao cérebro, essa substância age de forma a prolongar a ação de moléculas neurotransmissoras que desencadeiam a sensação de prazer. Imagine um feixe de fibras nervosas em comunicação com o núcleo acumbente do seu cérebro – aquela região que produz uma enorme sensação de prazer quando ativada, e que faz parte do já famoso sistema de recompensa do cérebro. Esse feixe de fibras que chega ao acumbente contém o neurotransmissor chamado dopamina. Quando ativado por uma boa refeição ou por um beijo sensual no escuro do cinema, ele libera centenas de milhares de moléculas de dopamina no seu núcleo acumbente, cujos neurônios passam a disparar impulsos nervosos em grande número, indicadores de que “rolou um grande prazer”. Quando acabam a comida ou os amassos, a dopamina é transportada de volta ao interior das fibras nervosas, e o prazer cessa (pelo menos temporariamente!). O que a cocaína faz é bloquear as moléculas transportadoras de dopamina existentes na superfície dos neurônios, e ela fica mais tempo na sinapse, prolongando a sensação de prazer. No início, tudo funciona bem. Mas, com o uso prolongado, a sinapse vai perdendo a sensibilidade para a dopamina: a sensação de prazer vai diminuindo, e é necessário aumentar a dose da droga para obter cada vez menos prazer. Além disso, o aumento da dose provoca ação da cocaína em outras regiões do cérebro e outras funções: pode ocorrer depressão, hiperatividade, insônia, paranoia, alucinações auditivas, alterações do ritmo cardíaco e enfarte, dores de cabeça e até acidentes vasculares cerebrais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário