quinta-feira, 21 de maio de 2009

UNB - A vida em moléculas

Professor da UnB procura nas interações moleculares o conceito de vida. Em mais de 2 mil anos, a Biologia não tem uma resposta As inúmeras tentativas de definir o conceito de vida estendem-se há, pelo menos, 2,6 mil de anos. Desde a Grécia Antiga, os homens procuram respostas para a mesma pergunta: o que é vida? Entre os cientistas, o professor emérito da Universidade de Brasília Waldenor Barbosa da Cruz propõe um caminho um pouco diferente. Ele quer conceituar a dádiva dos seres vivos a partir da matemática presente nos processos de interação molecular. Cruz trabalha na criação de uma equação para explicar a vida. Ainda não há uma data para a finalização do estudo, mas o professor considera que os seres vivos começaram em moléculas que se associaram em conjuntos celulares e, posteriormente, em organizações mais complexas. As interações moleculares são derivadas de reações químicas, que podem ser demonstradas por vetores. E a idéia é traduzir tudo isso em números. “A matemática é o único meio preciso que temos disponível. Uma rede de equações pode definir o conjunto de processos que dá origem à vida”, afirma Cruz, que abriu o ciclo de palestras em comemoração aos 200 anos do naturalista britânico Charles Darwin na tarde de quarta-feira, 25 de março. O próximo encontro será no dia 14 de abril (leia mais em UnB celebra os 200 anos de Darwin). CONCEITOS IRRELEVANTES - Waldenor Cruz resolveu recorrer à matemática depois de chegar a conclusão que as definições até então existentes consideram vida e seres vivos sinônimos. “Os conceitos atuais são irrelevantes para a investigação biológica. Qualquer definição sobre a vida ou sobre os organismo precisa de conteúdo empírico”, destaca o professor, que acrescenta: “A vida é a causa da construção de um organismo, mas não sei onde essa idéia vai chegar.” Mesmo longe de um conceito base para a Biologia, o conhecimento na área evoluiu ao longo de milhares de anos. A falta de uma definição de vida não impediu avanços. “Na verdade todos nós sabemos o que é vida, por isso conseguimos questionar e criticar as definições que existem”, explica a professora do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, Lenise Garcia. Este não é o único assunto em que a ciência tem dificuldade para definir termos. Existem barreiras, por exemplo, no conceito de espécie. “As determinações vigentes, focadas em reprodução e descendentes férteis, não incluem as bactérias. Mas trabalhamos com espécies delas. Os conceitos têm limites e me pergunto se realmente precisamos definir vida”, questiona Lenise. Apesar de concordar que, de alguma forma, os seres humanos sabem o que é vida, Waldenor Cruz acredita que a falta de um conceito não é operacional para a ciência. Pesquisadores, por vezes, esbarram na dificuldade em determinar um ser vivo. “A vida está dada. Mas formalizar isso não é tão fácil”, afirma.

Um comentário:

  1. Fora do registro científico: apenas para lembrar um dos belos momentos acontecidos, em 2007, no Colégio Freudiano de Psicanálise em Brasília, quando do encontro entre o Prof. Waldenor Cruz e o Dr. Humberto Haydt, para debaterem as graves questões que tomavam como suas e ambas convergiam para o grande mistério da vida. O Prof. Waldenor com a problemática da Teoria Geral dos Seres Vivos, o que seria um avanço para a Biologia, e o Dr. Humberto com a do Órgão Paragenético o que seria um avanço para a Psicanálise. Se os encontros havidos não resultaram na realização dos sonhados projetos, resultaram em belos debates, impregnados de ciência, matemática, psicanálise e poesia. E mostravam o contrário do que afirmara o próprio poeta H. Haydt, ao dizer que os homens, "Eles não fazem/ A vida da vida"... Porque naqueles encontros foi o que eles fizeram: "a vida da vida", embora não saibamos 'biologicamente' o que ela seja.

    ResponderExcluir